20 de agosto de 2010

AMOR, SÓ DE IRMÃO

– Alô.

– E aí, filho da puta?

– Ei, veado.

– Tudo bom?

– Até você ligar, estava.

– Dando muito a bunda?

– Sim, depois que larguei você, encontrei homens de verdade. Estou bem feliz agora.

– Bicha.

– Puto.

– E meu sobrinho?

– Comendo feito um animal. Está maior que você.

– Vai se fuder. Mas ele está bem?

– Sim. Ainda não contamos que o tio dele é veado, então ele está feliz. Ah, eu devo passar na sua casa no final de semana, para pegar uns jogos.

– Beleza. Só me avise antes, dando o horário. Assim eu saio de casa e você se fode.

– E você morre no dia seguinte.

– Vai se fuder.

– Vamos jantar semana que vem?

– Vamos. Mas não pode ser carne, por causa da merda da dieta.

– Esquece a dieta. Vamos numa churrascaria e você come cupim. Assim você morre logo, ninguém agüenta mais você.

– Escroto.

– E eu fico com suas coisas.

– Eu peço para ser enterrado junto com tudo.

– Eu abro seu caixão de madrugada e pego tudo. E ainda chuto sua cabeça.

– Vai tomar no cu. Semana que vem?

– Sim, me liga e a gente combina.

– Beleza. Se cuida. Beijo.

– Beijo.

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